O primeiro disco solo de Caetano Veloso é uma verdadeira obra-prima. Singular, conceitual e de ótima sonoridade. Trazendo a tropicália consigo, criou algumas de suas mais conhecidas músicas - e/ou interpretações -, como 'Tropicália', 'Alegria, Alegria', e 'Soy Loco por Tí, América'. Mas é justamente no conceito a que eu me referia que há a beleza do disco. Ouvindo-o do início ao fim parece-me evidente todo o processo criacional voltado a uma poética bastante auto-biográfica (ainda que não se possa levar isso como relatos, ao contrário), como na música 'No dia que eu vim-me embora'. Seguindo o disco vem uma belíssima ode ao Rio de Janeiro, com músicas de um olhar único sobre a cidade maravilhosa, com: 'Onde Andarás', 'Superbacana' e 'Paisagem Útil'. Difícil definir qualidades, esta tríade é maravilhosa e talvez foi o motivo inicial de uma paixão pelo Rio por muitas gerações que ouviram. Meu destaque, por afinidade, é a 'Paisagem Útil', é simplesmente maravilhoso! Apenas estando apaixonado por um lugar para se escrever assim.. Bom, deixando os devaneios de lado, ainda há a dupla 'Clarice' e 'Clara', ótimas. E meu destaque último é a 'Eles', música pouco conhecida e de letra impactante, comparável a 'Panis et Circenses', aliás.. pensando bem.. Os Mutantes estavam a tocar nesta música, e como diria o próprio Caetano: "Os Mutantes são demais!". Caetano também.
Lista de Músicas:
01. Tropicália 02. Clarice 03. No Dia em que Eu Vim-me Embora 04. Alegria, Alegria 05. Onde Andarás 06. Anunciação 07. Superbacana 08. Paisagem Útil 09. Clara 10. Soy Loco por Tí, América 11. Ave Maria 12. Eles
Finalizando a série 3 de 73, um disco antológico pra psicodelia brasileira: Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua, de Sergio Sampaio.
Mas novamente o texto introdutório não será meu, mas sim de Leandro Guedes, visto no site SidneyRezende.
"Quando o cantor e compositor capixaba Sérgio Sampaio morreu, em 1994, as poucas notas divulgadas na imprensa sobre o fato passaram ao grande público a sensação de que sua obra musial se resumia ao hit "Eu quero é botar meu bloco na rua", marcha-rancho-arrasta-povo que obteve destaque no VII Festival Internacional da Canção transmitido pela "Rede Globo" em 1973. Os fãs não se conformaram com o rótulo de cantor-de-um-sucesso-só e iniciaram um trabalho de preservação e divulgação de sua memória que perdura até os dias atuais. Seus poucos discos são disputadíssimos nos sebos de todo o Brasil e tem preços elevados, tamanho o grau de raridade.
Antes de por seu bloco na rua, ele já tinha passado por um momento de notoriedade: participou do polêmico (e hoje cult) "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez", uma patuscada produzida em 1970 por seu amigo Raul Seixas na gravadora CBS. Além de Sampaio e do Maluco Beleza, também gravaram o cantor andrógino Edy Star (uma versão baiana de Ney Matogrosso) e a sambista Miriam Batucada (como o nome indica, ela era conhecida por interpretar sambas batucando com as mãos. Também faleceu em 1994). No mais, o cantor aproveitava seus trabalhos de freelancer como locutor de rádio para divulgar seus discos compactos, que tocavam muito e vendiam bem. O auge veio mesmo é com a marcha-rancho: com tom de desabafo e refrão empolgante, levantou o público presente no Maracanãzinho (Rio de Janeiro) para acompanhar o festival. Resultado: contrato com a gravadora Philips para gravar seu primeiro disco completo. O nome da obra, para atender ao apelo comercial, ficou sendo "Eu quero é botar meu bloco na rua".
A capa era uma bizarrice que só vendo: o nome do cantor escrito com uma fonte, digamos, sanguinária. Na parte de baixo, rolos de filme apresentando um Sérgio Sampaio fazendo as mais horripilantes caretas, dignas de provocar pesadelos durante o sono. Tudo isso remetia a segunda faixa do lado A, "Filme de terror", um rock bem suingado: "Hoje está passando um filme de terror / Na sessão das dez, um filme de terror / Tenho os olhos muito atentos / E os ouvidos bem abertos / Quem sair de casa agora / Deixe os filhos com os vizinhos". Aliás, é bom recordar que o ano de lançamento, 1973, foi o auge dos chamados e tenebrosos "Anos de chumbo" da Ditadura Militar. Malandramente, ele inseriu a atmosfera sombria do período em outras faixas, de forma bem gaiata: na tensa "Labirintos negros", num clima de suspense e música murchando no final ("Por trás dos edifícios / Da cidade moderna / Os labirintos negros / Prendem o que esperam / A condução, ou não / A confusão, ou não / A confusão, eu não"); na toada "Viajei de trem" ("O ar poluído polui ao lado / A cama, a dispensa e o corredor / Sentados e sérios em volta da mesa / A grande família e o dia que passou / Viajei de trem, eu viajei de trem") e na debochada "Não tenha medo, não (Rua Moreira, 65)" ("Suje os pés na lama / E venha conversar comigo / Comigo / Chore, esqueça o drama e venha aliviar / O amigo / Vem, não tenha medo / Não tenha medo, não / A barra está pesada / Vem, não tenha medo / A barra pode aliviar").
Também houve deboche em outras duas composições: "Lero e leros e boleros", na qual espinafra a nascente indústria cultural de massa ("Leros e leros / Tudo enche meus ouvidos / Por que tanta gente rindo / No filme que eu vi?") e no samba "Odete", onde desanca uma hipotética desafeta amorosa, com direito à citação de "Que maravilha", de Jorge Ben, no refrão final ("Você é mesmo carne de pescoço / Você é burra como não sei o quê / Eu rôo um osso desde um tempo antigo / Desde um tempo lindo / Ao conhecer você... Por entre bancários, automóveis / Que maravilha").
Passional, Sérgio Sampaio também fazia desabafos. Expôs seu desejo de ter uma música gravada por seu conterrâneo Roberto Carlos em "Eu sou aquele que disse", citando uma referência tropicalista (Caetano Veloso): "Cante, converse comigo / Antes que eu cresça e apareça / Mesmo eu não estando em perigo / Quero que você me aqueça / Neste inverno, ou não / Neste inferno, ou não". Com relação ao Rei, Sampaio levou a frustração para o resto da vida. Afeito às raízes familiares, parecia dialogar com o pai em "Pobre meu pai" ("Pobre meu pai / A marca no meu rosto / É do seu beijo fatal / O que eu levo no bolso / Você não sabe mais / E eu posso dormir tranqüilo / Amanhã, quem sabe?") e com a mãe em "Dona Maria de Lourdes" ("O auditório aplaudiu / Mas cuidado com a porta da frente / Dona Maria de Lourdes / Não espere por mim").
Gravou uma composição do pai (a quem se refere orgulhosamente como "maestro Raul Sampaio", uma vez que o citado era mesmo maestro de banda em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo), a hilária "Cala a boca, Zebedeu". A música é baseada na história real de um marido submisso que vivia levando esbregues da esposa dominadora e acaba sendo trocado por um jogo da Seleção Brasileira: "Que mulher danada essa que eu arranjei / Ela é uma jararaca meu Deus / Com ela eu me casei... Ontem eu falando com ela ela gritou / Cala a boca Zebedeu / Não se meta comigo / Porque na minha vida quem manda sou eu".
O resumo de tudo é que "Eu quero é botar meu bloco na rua" é um disco primoroso: arranjos caprichados com instrumentistas de primeira (o próprio Sampaio no violão, Mamão e Wilson das Neves na bateria, e José Roberto Bertrami no piano), letras simpáticas e habilidade criativa. Mas vendeu pouco. O compacto que continha a faixa-título obteve mais saída. Em seguida, a saída da Philips a fama de "maldito" começando a abreviar sua carreira: temperamento pouco flexível diante das imposições de mercado, pouca estrutura para lidar com o dinheiro, boemia em excesso, drogas, álcool e o mesmo fim do amigo Raulzito Seixas, a quem dedicou-lhe gratidão na última faixa com um sambinha bem curto: "Meu nome é Raulzito Seixas / Eu vim da Bahia / Vim modificar isso aqui / Toco samba e rock, morena / Balada e baioque". Os dois morreram da mesma doença: inflamação no pâncreas.
Ficou a lembrança de um artista talentoso e autêntico, que parecia prenunciar seu destino no refrão de "Lero e leros e boleros": "Ai, meus amigos modernos / Ai, meu sorriso de adeus / Vou me fazer de eterno / No meu encontro com Deus"."
Voltando as atividades com o 3 por 73, agora com Um Passo a Frente, disco da banda A Bolha. Mas sem delongas porque o texto não é meu. Como conheci o disco no excelente blog Br Nuggets, copio aqui o texto do blog, que por acaso retirou do site Senhor F.
Nascida no Rio de Janeiro, The Bubbles - formada por Cesar (solo), Renato (ritmo), Ricardão (baixo), logo substituído por Lincoln, e Ricardo (bateria) - é uma das maiores legendas da história do rock brasileiro. Desde o início da carreira, em meados dos anos sessenta, a banda passou por todas as fases do rock daquela época, da invasão britânica ao hard rock, passando pela psicodelia e pelo semi-progressivo. Em 1966, lançaram o raríssimo compacto com as faixas ‘Não Vou Cortar o Cabelo/Porque Sou Tão Feio’, versões para Los Shakers (Break it All) e The Rolling Stones (Get Out Of My Cloud), respectivamente.
Após participar de shows e programas de TV - abriram para os Herman’s Hermits, no Rio de Janeiro - e, principalmente, de reinar (ao lado dos Analfabitles) no tradicional circuito de show/bailes na periferia do Rio de Janeiro, acompanharam Gal Costa como banda de apoio. Em 1970, foram assistir ao Festival da Ilha de Wight, ficando impressionados com o que viram. De volta ao Brasil, resolveram mudar radicalmente a sonoridade da banda, resultando no clássico compacto simples com as faixas ‘Sem Nada/18:30 (Parte I)’ e ‘Os Hemadecons Cantavam em Coro Chôôôôôôô’, lançado em 1971. Nesse meio tempo, a banda ainda participou do histórico álbum ‘Vida e Obra de Johnny McCartney’, com o cantor da Jovem Guarda, Leno (ex-Leno & Lílian), produzido por Raul Seixas.
Em 1972, ganham o prêmio de melhor banda no Festival Internacional da Canção (FIC), o que garante melhores condições para gravar o primeiro LP, batizado de ‘Um Passo à Frente’ (já reeditado em CD), trazendo um rock básico, com algumas faixas numa linha bem progressiva, que saiu em 1973. Nesta época, a banda contava com Pedro Lima (guitarras, harmônicos, vocal), Renato Ladeira (órgão Hammond, Farfisa, Vox, guitarras, vocal), Lincoln Bittencourt (baixo, vocal) e Gustavo Schroeter (bateria, vocal). Em 1975, participam do lendário festival ‘Banana Progressiva’, realizado no Teatro da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, entre os dias 29 de maio e 1º de junho.
Em 1977, após alguns altos e baixos e mudanças de formação, gravam seu segundo e último disco - ‘É Proibido Fumar’, em que adotam uma sonoridade um pouco mais ‘pesada’, abandonando definitivamente o progressivo. Mas as vendas não foram muito boas, decretando o fim da banda, que ainda tocou como banda de apoio de Erasmo Carlos, em uma turnê pelo Brasil. Renato também integrou o grupo gaúcho Bixo da Seda (ex-Liverpool), e depois o Herva Doce, já nos anos 80.
Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.
O disco inaugural de Luiz Melodia, de 73, é uma profunda inserção sobre as possibilidades do samba. Um quê tropicalista, mas também psicodélico, de letras poéticas simples e melodiosas. Um gênio que sobressai-se pela sutileza rara de composição, e interpretação única de suas próprias músicas com sua negritude de Pérola.
Ao início é óbvia a referência ao bairro de Estácio, assim como da escola de samba cantada, com as faixas "Estácio, eu e você", "Estácio, Holly Estácio". Entre estas a segunda mais conhecida do disco, "Vale o quanto pesa", evocando a todos os ritmos latinos. 'Pra Aquietar', com uma pegada mais rock; 'Abundantemente Morte', uma bossa triste; a faixa título e mais conhecida 'Pérola Negra', sem comentários... e então chega na minha preferida: Magrelinha. Transcrevo a letra:
"O pôr-do-sol vai renovar, brilhar de novo seu sorriso
E libertar da areia preta e do arco-íris cor de sangue, cor de sangue, cor de sangue
Um beijo meu vem com melado decorado cor de rosa
O sonho seu vem dos lugares mais distantes, terra dos gigantes
Super-homem, super mosca, super carioca, super eu! super eu!
Deixa tudo em forma é melhor não ser
Não tem mais perigo digo já não sei
Ela está comigo digo só não sei
O Sol não adivinha, baby, é magrelinha
O Sol não adivinha, baby, é magrelinha
No coração, no coração, no coração do Brasil
No coração, no coração, no coração do Brasil"
O disco continua com a também conhecida 'Farrapo Humano', versão da música de Jards Macalé, 'Objeto H' também uma mpb/bossa com teclados ótimos e de letra profunda; e por fim 'Forró de Janeiro', um forró revisitado, mesmo, e muito bom.
Dada a profusão de ritmos e pensamentos, curvo-me diante deste disco de Luiz Melodia.
Pela primeira vez posto no blog um disco de ska-jazz. Obviamente é uma mistura de ska com jazz. Homogeneíza tão bem a complexidade do jazz com o potencial dançante do ska marcado sempre por algum instrumento. A incidência do jazz em sua influência não os torna uma banda retrô, mas sim uma banda atual já que eles começaram justamente no ponto onde os outros pararam, os anos 60 do ska-jazz. Os caras do RSJF são figurinhas marcadas do mundo do jazz após a brilhante gravação ska-jazz do clássico de DizzieGillspie de "A NightinTunisia" que está presente nesse disco. Além de A NightinTunisia, o álbum dos holandeses conta com diversas pedradas sonoras como a clássica OldRockingChair (uma das poucas cantadas no disco) presente no álbum "FoundationSka" dos Skatalites, Dreyfuss is Gone e seu arranjo clássico de ska e a presença de dois dubs que dão o tom metafísico a esse disco. Destaque para a música SnakeTie com seu trombone que nos insere dentro de uma barra-brava, e nos seda com os discretos toques de órgão. Para saber mais entre no site dos caras.
Atualmente, quem realiza "vitaminas" musicais é considerado um herege e em alguns casos taxado de "sem originalidade". O pianista Robert Walter, contrariando os preceitos contemporâneos, teve o dom de realizar uma miscelânea musical de muito bom gosto. Trouxe de New Orleans sua juventude enérgica e misturou com diversos standards do jazz. As pitadas de funk fazem sua cabeça não parar. Os dispersos acordes progressivos recitados do estrondante órgão de Walter fazem sua cabeça se encher de brilho. E o jazz de New Orleans, clássico e único, fazem o disco ter suas peculiaridades. A tentativa de materialização de Cure All era inevitável porque é um som que te deixa inquieto com vontade de tocá-lo. Destaque para a música Bulldog Run e todo seu mal-humor.
Banda paulista dos anos 70, a Pão com Manteiga fez um único disco conceitual e altamente metafísico. Tendo como base acústica o rock progressivo, e base vocal o rock psicodélico, fizeram uma das melhores hibridações dos gêneros de todos os tempos para mim. O início do disco, altamente medieval - até por conta dos inúmeros personagens da época cantados, como Merlin, Cavaleiro Lancelot, etc - traz uma ilusão de um disco que será estático em canções estranhas de letras aparentemente bobas. A um ouvinte desatento, obras-primas passam despercebidas, como 'Micróbio do Universo', quarta faixa e que começa a revelar vários quês a mais neste Pão com Manteiga. A revelação vem com 'Montanha Púrpura', primeira faixa instrumental do disco - maravilhosa! E a partir de então o conceito se estabelece. A passagem do pensamento místico, medieval para um científico, tecnocrático (ou talvez a grande metáfora do geocentrismo e antropocentrismo) torna-se o objeto do disco, que passa desde viagens intergaláticas à matas encantadas, mas que como toda evolução dá dicas do que virá. 'Cavaleiro Lancelot' parece dizer muito. A faixa que traz no título um personagem mito-histórico faz, a meu ver, uma enorme ponte dos campos abertos em que corria o cavalo de Lancelot, com os foguetes espaciais que irrompiam os céus e tinham chegado a pouco na Lua.
Trecho de Cavaleiro Lancelot:
o corpo metálico a mente com ácido cítrico o sangue azul do céu viajando a trinta mil quilometros por segundo viajando a trinta mil quilometros por segundo pra chegar no lugar que está do lado oposto do Sol
'A Feiticeira' queria roubar o amor alheio, '... mas os tempos mudaram, só ela não viu...'. E como posfácio terrível, revela-se o trágico fim dessa sociedade que saiu de tempos metafísicos para outro inorgânico. A fuga do planeta transformou este homem, que viu sua própria inteligência lhe ser fatal - como canta a banda em 'Fugindo do Planeta', penúltima faixa.
E pra encerrar, há de ter um recomeço, uma descoberta, um novo início. E a direção está dada: a 'Virgem de Andrômeda'. Instrumental emocionante.
Lista de Músicas:
01. Mister Drá 02. Merlin 03. Flor Felicidade 04. Micróbio do Universo 05. Montanha Púrpura 06. Multi-Átomos 07. Serzinho sem Medo 08. Cavaleiro Lancelot 09. História do Futuro 10. A Feiticeira 11. Fugindo do Planeta 12. Virgem de Andrômeda
Caros companheiros, o rockpolar passa por alguns problemas "terceiro-mundanos" nesse momento. As postagens podem ficar um pouco esparsas até o contratempo voltar à realidade. Peço desculpas e agradeço a compreensão, não deixem de visitar o blog em busca de postagens antigas e confiram a fraternidade rockpolariana.
Você, roqueiro da gema, cabelo bagunçado, tênis sujo e tatuagem dos Beatles! Já passou por aquela fase jurássica da sua vida que você descobriu Led Zeppelin? Não era tudo tão diferente daquilo que tu já tinhas escutado? Mas ao mesmo tempo, não era tudo a mesma coisa, a mesma raíz? Foi exatamente esse tipo de comparação que eu fiz quando eu conheci os britânicos do Steel Pulse. Com a pegada reggae roots misturada com o novo conceito de reggae, as composições de forte cunho político alcançam outros níveis de apreciação. A partir desse disco eu comecei a enxergar o reggae de outra forma. A destacar além da enorme qualidade dos músicos, a faixa Prodigol Son e seu baixo pulsante.
Lista de Músicas: 1. Handsworth Revolution 2. Bad Man 3. Soldiers 4. Sound Check 5. Prodigal Son 6. Ku Klux Klan 7. Prediction 8. Macka Spliff Download
Talvez Hermeto Pascoal seja o maior expoente do jazz brasileiro pelo mundo. Tocando o chamado baião-jazz, ou forró-jazz, ou rock progressivo brasileiro-jazz, enfim o hermeto-jazz ele se destacou principalmente nas décadas passadas levando toda a mistura de ritmos brasileiros ao quase intransponível jazz, tornando mais atrativo (e verde-amarelo) esse estilo tão consagrado. Hermeto que faz de vacas instrumentos invés de comida, foi ovacionado pelo público suiço que em estado de extase deixou a sensação que o show cá postado foi o melhor da edição de 1979. Destaco a música Montreux, que reza a lenda foi escrita no hotel em que eles estavam na manhã do concerto, tornando ela intensa como o ritmo da cidade que sedia um dos maiores festivais de música do século.
Lista de músicas: 1. Pintando o Sete 2. Forró em Santo André 3. Remelexo 4. Bem Vinda 5. Sax e Aplausos 6. Lagoa da Canoa 7. Fátima 8. Terra Verde 9. Maturi 10. Quebrando Tudo 11. Nilza 12. Forró Brasil 13. Montreux 14. Voltando ao Palco 15. E Adeus Download
O segundo disco d'O Rappa traz consigo a mesma verve do primeiro, misturando sons originais com releituras de clássicos consagrados, fazendo um som que como bem lembra, e bem disse o Planet Hemp: é raprockandrollpsicodeliahardcoreragga e também samba, é claro. Com inclinações políticas não tão explícitas, mas igualmente incisivas como do Planet. D2 inclusive faz uma participação especial na faixa 'Hey Joe', releitura muito criativa da música que passou por mãos que vão de Jimi Hendrix a Bob Dylan. Mas meu destaque não vai pra esta, e sim pra um conceito pouco esclarecido mas muito retificado no disco todo. Não posso dizer que se trata de um disco conceitual, mas as músicas se encaixam extremamente bem (principalmente após 'Uma Ajuda', quando fazem uma sequência de sons próprios), visto facilmente na transição da penúltima para a última música, por exemplo. Esta última: 'Óia o Rapa' de autoria do grande Lenine é junto da antecessora 'Lei da Sobrevivência', resumo da obra. Que se inicia com a provocativa 'A Feira', e ressoa como um belo protesto musicado e, incrivelmente, comercializado.
Lista de Músicas:
01. A Feira 02. Miséria S/A 03. Vapor Barato 04. Ilê Ayê 05. Hey Joe 06. Pescador de Ilusões 07. Uma Ajuda 08. Eu Quero Ver Gol 09. Eu não sei mentir direito 10. O Homem Bomba 11. Tumulto 12. Lei da Sobrevivência 13. Óia o Rapa
O que um pirata canta quando ele se debruça sobre o navio por mais de 5 meses, lamentando e ao mesmo tempo contrapondo terríveis náuseas a cada segundo com suscetíveis goles de destilados? Os caras da Confraria da Costa recriaram isso, e fizeram mais! Um som alucinante, que lhe faz sentir ser os verdadeiros piratas do século XXI, ou como o Trama Virtual deles diz "O autêntico rock n' roll do século VXI!!!". Com misturas de jazz, e alguns ritmos eruditos, o disco realmente me surpreendeu. Paranaenses cultivando outra ótima vertente do roc k brasileiro na atualidade. Som recomendado a quem assiste Piratas do Caribe com seu imaginário tapa-olho, e também a quem aprecia música de qualidade. Destaque para a música Certamente a mente mente e toda a sua pegada jazzística canalha.
Lista de Músicas: 1. Homo Tudo Sapiens 2. Coisas Piores Acontecem no Mar 3. À Deriva 4. És Cadavérico! 5. Confidencial 6. Eu Já Esqueci Mais do que Você Um Dia Vai Saber 7. Canto dos Piratas 8. Embaixo da Mesa 9. Certamente a Mente Mente 10. Caravela Estelar 11. Réquiem 12. Não Abra Essa Caixa com Cobras Download
Este é o primeiro disco do gênio Chico Buarque. Sem nome, conhecido como o disco de 66 ou então Volume 1. O disco é essencialmente de samba, e talvez por isso minha extrema adoração. Sambas muito bem compostos, de boa batida que passam despercebidos de boa parte dos fãs de Chico Buarque que reconhece apenas as obras posteriores. Mas de fato estes sambas, que se inicia com a antológica e mais famosa música do disco, 'A Banda', tem na sua segunda faixa o meu maior destaque. 'Tem mais Samba' é genial, um samba de fazer inveja, com todo respeito. Após este seguem-se outros de igual valia, como 'Pedro Pedreiro', 'Amanhã, Ninguém Sabe' e todo o final do disco. Em verdade é um conceito tão grande em termos de disco que nenhuma música pode ser ofuscada. Um trabalho primoroso - que me lembra de certa forma o primeiro disco do Caetano, maravilhoso igual - que merece admiração.
Lista de Músicas:
01. A Banda 02. Tem mais Samba 03. A Rita 04. Ela e a sua Janela 05. Madalena foi pro Mar 06. Pedro Pedreiro 07. Amanhã, Ninguém Sabe 08. Você não Ouviu 09. Juca 10. Olê, Olá 11. Meu Refrão 12. Sonho de um Carnaval
Jorge Ben e seu décimo primeiro disco vieram trazer coisas inquietantes aos ouvidos musicais brasleiros na época. Digo, todo o fundamento trazido nesse disco era coisa inédita nas terras tupiniquins até 1974. Adepto da alquimia, ele diz que o assunto norteou esse ábum: " A maioria das músicas são alquímicas, mas sempre pela filosofia musical. Eu pretendo que a minha música traga paz de espírito e tranqüilidade para quem a escuta". Sob esses aspectos, digamos, metafisicos, Jorge Ben compôs um dos melhores álbuns de música brasileira, recriando em algumas faixas o português arcaico. Com a sua inconfundível pegada sambista, destaco a música, e principalmente a letra de Os alquimistas estão chegando.
Lista de Músicas:
Os Alquimistas Estão Chegando
O Homem da Gravata Florida
Errare Humanum Est
Menina Mulher da Pele Preta
Eu Vou Torcer
Magnólia
Minha Teimosia, Uma Arma para te Conquistar
Zumbi
Brother
O Namorado da Viúva
Hermes Trismegisto e sua Celeste Tábua de Esmeralda
Me desculpem fãs ardorosos do Fab4, já passei dessa fase e adoro admitir, mas o que inevitavelmente possa parecer um sacrilégio a vocês, soa como uma dádiva sonora para mim. Isso mesmo, não é exagero. A mistura entre a psicodelia 1967 dos Beates com o baixo pulsante e a bateria com todos aqueles efeitos de dub, tornam esse disco dos caras imperdível aos ouvidos refinados, fazendo as ondas sonoras encontrarem o caminho da lua em alguns versos. E é isso mesmo que o Easy Star faz. Seleciona alguns discos psicodélicos-famosos da história da música, aka Dark Side of the Moon e Radiohead, e transforma milagrosamente em ótimas versões de reggae. Com grande musicalidade os caras estão sendo estourando (duplo sentido, hã?), por essa essência terrena e com certeza desfazendo qualquer nó de preconceito musical através do seu trabalho. Com brilhantes presenças de alguns expoentes do reggae, esse disco forma um mosaico ainda mais diversificado. Recomendável em todas suas manhãs, With a Little Help from my Friends vai tornar seu dia muito mais alegre sem nenhuma presença do canabinóide.
Lista de Músicas 1. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (feat. Junior Jazz)
2. With A Little Help From My Friends (feat. Luciano) 3. Lucy In The Sky With Diamonds (feat. Frankie Paul) 4. Getting Better (feat. The Mighty Diamonds) 5. Fixing A Hole (Extended Dub Mix) (feat. Max Romeo)
6. She's Leaving Home (feat Kirsty Rock) 7. Being For The Benefit Of Mr. Kite! (feat. Ranking Roger)
8. Within You Without You (feat. Matisyahu) 9. When I'm Sixty-Four (Extended Dub Mix) (feat. Sugar Minott)
10. Lovely Rita (feat. Bunny Rugs and U Roy) 11. Good Morning Good Morning (feat. Steel Pulse)
12. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise) 13. A Day In The Life (feat. Michael Rose and Menny More)
Os Rolling Stones extremamente psicodélicos! Sinceramente, sem ofender demais fãs da banda, esse disco Their Satanic Magesties Request é o melhor deles. Apesar de muitas músicas serem muito diferentes do estilo Stones. É um álbum conceitual, criativo, dinâmico, com clássicos como 'She's a Rainbow', '2000 Light Years From Home' e 'In Another Land'. Verdade seja dita, se os Beatles naquela época já usavam e abusavam da psicodelia, os Stones resolveram entrar na parada e não fizeram feio. Como eu disse, um álbum genial, com a ajuda de gênios como John Paul Jones (que faz os teclados em She's a Rainbow). Apesar de bastante criticado, este disco merece destaque sim, e se ouvido com atenção é uma ótima experiência auditiva no melhor do rock psicodélico pelos, quem diria, Rolling Stones.
Lista de Músicas:
01. Sing This All Together 02. Citadel 03. In Another Land 04. 2000 Man 05. Sing This All Together (See What Happens) 06. She's a Rainbow 07. The Lantern 08. Gomper 09. 2000 Light Years From Home 10. On With the Show
Último disco gravado pela banda, em 1969. Então houve a separação do grupo, e nenhum disco mais foi criado. Houve reaparições, mas para eventos públicos; e compilações dos antigos sucessos em diversas coletâneas. Destaco as duas versões de 'Miss Atraction', com um órgão psicodelíssimo. A faixa-título 'Good Morning Starshine', mais tranquila; e a 'Off Ramp Road Tramp', já com uma levada mais pesada.
Lista de Músicas:
01. Me and the Township 02. Off Ramp Road Tramp 03. Small Package 04. Hog Child 05. Miss Atraction 06. Good Morning Starshine 07. Miss Atraction #2 08. Write Your Name in Gold 09. Standby (You Put me On) 10. Dear Joy 11. Changes 12. Desiree (bonus) 13. I Climbed the Mountain (bonus) 14. Three (bonus) 15. Starting Out the Day (bonus) 16. California Day (bonus) 17. Girl From the City (bonus) 18. Good Morning Starshine (bonus)
Seguindo com a discografia do Strawberry Alarm Clock, este é o terceiro e penúltimo disco gravado do grupo. Mantém-se ainda muito da psicodelia, mas as canções são mais harmônicas e próximas do bubblegum pop. Entre as exceções estão a primeira faixa inspiradora 'Seashell', assim como 'A Million Smiles Away', 'Barefoot in Baltimore' e principalmente a última 'Shallow Impressions'.
Lista de Músicas:
01. Seashell 02. Blues for a Young Girl Gone 03. An Angry Young Man 04. A Million Smiles Away 05. Home Sweet Home 06. Lady of the Lake
07. Barefoot in Baltimore 08. Wooden Woman 09. Heated Love 10. Love me Again 11. Eulogy 12. Shallow Impressions
Segundo disco do Strawberry Alarm Clock, mantém o estilo de rock psicodélico e acid rock de ótima qualidade. Não repetiu o mesmo sucesso do primeiro disco, entretanto está ainda nos meus favoritos. Especialmente a quase sunshine pop segunda canção 'Soft Skies no Lies'. Outra faixa que deve receber atenção é 'Tomorrow'. Mas minha preferida ainda consegue ser 'Curse of the Witches'. Aproveitem.
Lista de Músicas
01. Nightmare of Percussion 02. Soft Skies, No Lies 03. Tomorrow 04. They Saw the Fat One Coming 05. Curse of the Witches 06. Sit with the Guru 07. Go Back (You're Going the Wrong Way) 08. Pretty Song from Psych-Out 09. Sitting on a Star 10. Black Butter, Past 11. Black Butter, Present 12. Black Butter, Future
Inicio aqui uma série de postagens com a discografia do Strawberry Alarm Clock para download. Ao fuçar alguns arquivos mais antigos, achei esta discografia que para mim é das mais importantes no cenário do rock psicodélico sixtie. A banda, que ficou famosa pela faixa-título homônima a este primeiro disco, também teve participações nos ótimos filmes Psych-Out, de Richard Rush (compondo parte da trilha-sonora), e o essencial e maravilhoso Beyond the Valley of the Dools (onde tocam numa das cenas mais memoráveis do filme, a festa do Z-man), do gênio Russ Meyer. Deste disco de estreia, devo destacar além da óbvia e já citada Incense and Peppermints (que alcançou o n° 1 na billboard), mas também 'World's on Fire', 'Rainy Day Mushroom Pillow' e 'Unwind with the Clock'.
Lista das Músicas:
01. The World's on Fire 02. Birds in My Tree 03. Lose to Live 04. Strawberries Mean Love 05. Rainy Day Mushroom Pillow 06. Paxton's Back Street Carnival 07. Hummin' Happy 08. Pass Time with the SAC 09. Incense and Peppermints 10. Unwind with the Clock 11. Birdman of Alkatrash (bonus)